1.5.07

as mentiras que alimentam a fé

"A liquefacção do sangue do santo é uma parte integrante da vida de Nápoles e uma garantia de «boa sorte» para a cidade. O frasco, guardado num cofre na Catedral de Nápoles, é levado em procissão pelas ruas da cidade várias vezes por ano sendo depois conduzido ao altar-mor onde é submetido a rituais específicos. Numa atmosfera rondando a histeria, especialmente por parte das «tias de San Gennaro», após os hocus pocus e demais rituais necessários à manutenção da lenda, o arcebispo ergue o frasco, agita-o e declara que o sangue se liquefez. A notícia é saudada com uma salva de 21 tiros em Castel Nuovo.

Como naquelas mensagens em cadeia que todos recebemos, a lenda urbana desenvolvida em torno do «milagre» garante que a cidade será atingida por uma qualquer calamidade, seja uma erupção do Vesúvio ou a derrota do Nápoles, a equipa local de futebol, caso a cerimónia não tenha sucesso (provavelmente causado por um dignitário com uma sacudidela menos vigorosa). De acordo com algumas testemunhas, a última vez que o sangue não se liquefez aconteceu em 1987, quando Nápoles elegeu um presidente da câmara comunista.
"Estes «bloody miracles» são fáceis de confirmar como fraudes centenárias bastando para isso que a Igreja de Roma ceda as supostas relíquias para análise, algo que me parece muito pouco provável. De facto, a Igreja considera que «as devoções de longa data profundamente enraizadas no coração do povo não podem ser varridas sem escândalo nem distúrbios populares» e como tal afirma não existirem problemas morais «na continuação de um erro que foi transmitido em boa fé por muitos séculos»."
A ler na íntegra no DE RERUM NATURA um post de Palmira F. da Silva

1 comment:

maloud said...

Conhece Nápoles? Toda a Itália do Sul se presta a estas crendices.

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