4.5.06

as estórias do espelho glauco
les "istoires" du miroir glauque


O filme "lisboetas" já saíu e já foi, pouco, projectado:

Lisboetas é um documentário político sobre a vaga de imigração que nos últimos anos mudou Portugal.
Lisboetas é o retrato de um momento único em que o país e a cidade entraram num processo de transformação irreversível.
Lisboetas é um filme que rejeita o habitual tratamento jornalístico e aborda a experiência humana dos imigrantes da grande Lisboa de um ponto de vista cinematográfico.
Lisboetas é uma janela secreta sobre novas realidades: modos de vida, mercado de trabalho, direitos, cultos religiosos, identidades. É uma viagem a uma cidade desconhecida, a lugares onde nunca fomos e que estão aqui.
Lisboetas é um retrato por dentro. A palavra é dada aos recém chegados. Talvez por isso, como escreveu a crítica do “Público” Kathleen Gomes, “os estrangeiros aqui somos nós”.
Lisboetas não é um filme dogmático, mas é um filme incómodo e que deixa muitas questões em aberto - por que é difícil avaliar o quanto tudo mudou e ainda pode mudar
Realisador: Sérgio Tréfaut .
Sérgio Tréfaut nasceu em 1965 no Brasil, filho de pai português e de mãe francesa. Após o mestrado de filosofia na Sorbonne e uma experiência de dois anos como jornalista, passou a dedicar-se exclusivamente à produção e à realização de filmes. Os seus principais trabalhos como realizador são:
Lisboetas, 2004-200560’ (televisão) / 100’ (cinema)Prémio Melhor Filme Português – IndieLisboa 2004
Business Class, (longa metragem de ficção em rodagem)co-produção: Portugal (ICAM-RTP), França, Espanha
Novos Lisboetas, 30’, 2003 (instalação documental)Exibição no Parc de La Villette (Paris) entre Out de 2003 e Jan de 2004
Fleurette, 82’, 2002Grand Prix – Les Écrans Documentaires 2003Melhor Montagem – doclisboa 2002Joris Ivens Competition IDFA – AmsterdamQuinzena de Realizadores do MOMA – New YorkTop of the Docs - EstocolmoOutros festivais : It’s all true (Brasil), Infinity Festival (Italia), Silverdocs (EUA) ;Rencontres du Documentaire de Montréal (Canada), etc. Distribuição comercial em 7 países (Alemanha, Holanda, Áustria, Reino Unido, Espanha, Eslováquia, França) e 180 salas de cinema
Outro País, 70’, 1999Prémio Melhor Documentário Português, 1999Golden Gate Award - San Francisco Film Festival Certificate of Merit Difusão TV : : Portugal, Brasil, Espanha, Grécia, Cabo Verde, Angola No programa das universidades de Harvard, Brown, Yale, George Washington; Universidade Nova, ICS, ISCTE.
Crítica (excertos) de K.Gomes no Público:
"...Toda a gente que anda de metro ouve falar russo todos os dias", resume Serge Tréfaut (n. 1965). No ecrã do seu Macintosh multiplicam-se as versões de um mesmo projecto, sobre os novos imigrantes em Portugal. Uma delas é "Lisboetas". É um documentário de 60 minutos centrado nos imigrantes do Leste europeu, um dos vértices de um ambicioso fresco sobre as diversas comunidades de estrangeiros em Lisboa cinema.O cinema tem tentado perscrutar essas novas presenças – já houve, por exemplo, "Entre Muros" (2002), documentário de João Ribeiro e José Filipe Costa sobre um grupo de imigrantes ucranianos em Portugal, entre a claustrofobia do seu exílio e o regresso a casa. A imigração, nota Tréfaut, "é dos temas mais tratados, a nível europeu, no documentário". Porquê? Resposta metafórica: "Se as pessoas passaram a vida a filmar na Patagónia e a Patagónia agora está aqui..."Eles estão aqui."As pessoas que deixam o seu pais para vir para Portugal não imaginam o que as espera", diz-se, em russo, em "Lisboetas". Um largo sorriso exibe uma dentadura de ouro, os olhos são de quem se sente perdido. No balcão de atendimento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, os rostos vão-se sucedendo, mas o olhar é sempre o mesmo quando, do lado de cá, o questionário e a burocracia apertam. A fila, lá fora, vai adensando, com os que esperam entrar. Num mercado de trabalho clandestino, também há os que esperam que um português endinheirado acoste, com uma oportunidade de ganhar a vida, e o desalento no bolso. "A questão da imigração do Leste em Portugal é muito especial. Porque são pessoas muito qualificadas, engenheiros, médicos, etc., que estão a trabalhar nas obras, para empreiteiros que são analfabetos", diz Tréfaut. "O que é mais triste, para mim, é que o que há de bom na imigração não vai ser aproveitado, Portugal não se organizou de forma a preservar ao máximo o saber das pessoas que chegaram."
Distribuição: ATALANTA FILMES

1 comment:

maloud said...

No Porto há imigração brasileira, quase toda na restauração e eslava. Tenho uma filha, que durante dois anos trabalhou, como acompanhante arqueóloga de obras públicas. Sempre a "incomodou" ver eslavos com formação superior a trabalhar nas valas. ´
Quanto aos originários dos PALOPs, aqui há uns muito especiais, os estudantes. Não vou comentá-los, porque iniciava uma discussão em que saltaria fatalmente o esteriótipo da racista e não estou com pachorra.

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