O Le Monde diplomatique publicou na sua edição francesa uma entrevista com Noam Chomsky sobre o poder dos médias. Não encontrei quiosque nas proximidades que o tenha à venda e apenas disponho online de uma parte dessa entrevista no site do jornal. Já traduzi o excerto a que tive acesso e entrei em contacto com a redacção para tentar obter a totalidade do texto com o objectivo de apenas editar a sua tradução. Vamos ver qual vai ser a resposta, compreenderei que não respondam favoravelmente ao meu pedido. Espero uns dias e, se não for posível, vem então para aqui a tradução que já está feita se entretanto não encontrar o periódico.
Tendo traduzido, mais uma vez, sem dicionários para verificações, estilo escrita automática, desculpem se não é na perfeição, um artigo de Ignacio Ramonet de janeiro deste ano sobre as dificuldades porque passa a imprensa de uma maneira geral e em França em particular. Não vou aqui pôr todo o artigo, apenas alguns parágrafos embora todo o artigo seja conduzido pela lógica de tentar fazer escapar o LMd às implacáveis leis do mercado, que regem a imprensa, e mantê-lo independente de poderes políticos e económicos como até agora tem existido e que é uma das raras excepções em todo o mundo. É observando o que se passa em casa dos vizinhos que aprendemos a compreender melhor o que temos dentro da nossa própria casa.
Já anteriormente abordei a questão da informação em geral ou da impresa paga e dos gratuitos. Um tema a não perder de vista pela importância que tem nestas nossas "democracias avançadas" e sempre que encontrar artigos ou estudos sobre a questão aqui os trarei como o que se segue:
"Ameaças à Informação
A imprensa atravessa a pior crise da sua história. Não só em França mas quase por todo o mundo, os jornais incluindo o LMd confrontam-se com uma diminuição progressiva do número de leitores. Esta situação fragiliza o seu equilíbrio económico, compromete a sua subrevivência e poderá, futuramente, ameaçar a pluralidade das opiniões nas nossas democracias."
as causas das dificuldades:
" Em primeiro lugar os "gratuitos". Uma denominação que contitui em si uma fraude pois os leitores acabam por pensar que a informação se constroi sem custos quando, no caso dos "gratuitos", eles pagam-na na forma de taxa publicitária invisível incorporada no preço dos produtos de consumo que compram. Em poucos anos, esses jornais tomaram uma posição importante na lista dos mais difundidos. Com várias consequências: muitas pessoas deixaram de comprar os quotidianos pagos e as empresas que compravam a sua publicidade pouco a pouco passaram a transferir a sua publicidade para os tais "gratuitos". Ora as vendas em quiosque e a publicidade constituem duas das principais receitas dum journal a terceira vem das assinaturas.
Por outro lado, a Internet, que colide com a totalidade das práticas culturais (música, edição, cinema, televisão) não poupa o campo da comunicação. Tem algum significado que o recente lançamento do novo canal internacional de informação France 24, tenha sido feito na Net, e só no dia seguinte no cabo e satélite. O número de pessoas ligadas à Internet de onde obtêm informações não para de aumentar. Algumas deixaram mesmo de comprar jornais. Elas também - como os leitores de "gratuitos" - abandonam os quiosques. O que contribui para uma deminuição dos mesmos e acentua os mecanismos do recuo na difusão dos títulos pagos, qualquer que seja a sua periodicidade.
Internet fascina pelo grande número de sites de livre acesso disponíveis, pela possibilidade de também criar o seu próprio meio de expressão pessoal (o blog), e pela facilidade com que se podem trocar opiniões sobre todos os assuntos. Um indesmentível avanço em matéria de liberdade mas duas considerações devem ponderar-se. Em primeiro lugar esta: a maior parte dos grupos que, através da internet, se lançaram, de corpo e alma, com uma preocupação de democracia participativa, nas suas discusões e debates internos muito intensos viram-se com frequência literalmente atomizados, fragmentados, à beira da impotência e da autodestruição.
Em seguida, a constatação que faz o pesquisador americano Eric Klinenberg: "A Internet caracterizou-se durante muito tempo pelo número ilimitado dos seus novos sites exprimindo a diversidade das suas opiniões políticas de um extremo ao outro do espectro. Mas, a partir de agora, os sites mais populares são controlados pelos grupos de médias mais poderosos." Isto significa que, como sempre na história das comunicações, quando um novo média aparece - das gazetas do século 18 às rádios livres dos anos setenta (aqui deve ser erro porque em França as rádios livres apareceram nos anos 80 depois de Mitterand ter sido eleito) e agora à Net, dá a impressão que é grande o perímetro da liberdade de expressão antes de ser controlado pelo poder do dinheiro e inevitavelmente normalizado. É já evidente que os perfis de leitor determinados pela utilização dos motores de pesquisa são vendidos a mercadores desejosos de se servirem dessas informações para atingir os seus públicos alvo e consumidores potenciais...
Em França, a propriedade dos grandes médias está concentrado nas mãos de alguns grupos industriais e financeiros, entre os quais dois fabricantes de armamento: Lagardère (através de Hachette) e Dassault (através de Socpresse). Esta constatação preocupante deve levar os cidadãos a concentrar esfroços para apoiar, em resposta, a imprensa independente de que faz parte o LMd."
Excertos de um artigo de Ignacio Ramonet publicado no Le Monde diplomatique.
O artigo continua com a exposição duma estratégia para tentar manter o Le Monde diplomatique como um periódico independente. A questão da Internet, dos médias cidadãos e dos blogues é só aflorada e deixa transparcer uma certa desconfiança que se justifica em parte. É evidente que a vida não é fácil para os médias cidadãos que oscila entre liberdade absoluta e necessidade dum mínimo de regras que garantam as suas sobrevivências. Quanto aos blogs, que podem ter o seu papel na circulação das ideias e da informação, não é uma só pessoa ou um pequeno grupo que podem garantir uma informação séria, que a própria imprensa e outros médias não garantem apesar dos meios de que dispõem, por falta de financiamentos e de profissionalismo, embora alguns tenham muito interesse e uma grande qualidade e muito importantes para trazer a público o que os médias tradicionais "esquecem" mas também para o debate de ideias. Já aqui defendi a criação de um média cidadão para o nosso país, uma espécie de agência noticiosa com edição online quotidiana, tomando como modelo AGORAVOX que confirma de dia para dia a sua capacidade em manter-se firme face a grandes desafios.
Tendo traduzido, mais uma vez, sem dicionários para verificações, estilo escrita automática, desculpem se não é na perfeição, um artigo de Ignacio Ramonet de janeiro deste ano sobre as dificuldades porque passa a imprensa de uma maneira geral e em França em particular. Não vou aqui pôr todo o artigo, apenas alguns parágrafos embora todo o artigo seja conduzido pela lógica de tentar fazer escapar o LMd às implacáveis leis do mercado, que regem a imprensa, e mantê-lo independente de poderes políticos e económicos como até agora tem existido e que é uma das raras excepções em todo o mundo. É observando o que se passa em casa dos vizinhos que aprendemos a compreender melhor o que temos dentro da nossa própria casa.
Já anteriormente abordei a questão da informação em geral ou da impresa paga e dos gratuitos. Um tema a não perder de vista pela importância que tem nestas nossas "democracias avançadas" e sempre que encontrar artigos ou estudos sobre a questão aqui os trarei como o que se segue:
"Ameaças à Informação
A imprensa atravessa a pior crise da sua história. Não só em França mas quase por todo o mundo, os jornais incluindo o LMd confrontam-se com uma diminuição progressiva do número de leitores. Esta situação fragiliza o seu equilíbrio económico, compromete a sua subrevivência e poderá, futuramente, ameaçar a pluralidade das opiniões nas nossas democracias."
as causas das dificuldades:
" Em primeiro lugar os "gratuitos". Uma denominação que contitui em si uma fraude pois os leitores acabam por pensar que a informação se constroi sem custos quando, no caso dos "gratuitos", eles pagam-na na forma de taxa publicitária invisível incorporada no preço dos produtos de consumo que compram. Em poucos anos, esses jornais tomaram uma posição importante na lista dos mais difundidos. Com várias consequências: muitas pessoas deixaram de comprar os quotidianos pagos e as empresas que compravam a sua publicidade pouco a pouco passaram a transferir a sua publicidade para os tais "gratuitos". Ora as vendas em quiosque e a publicidade constituem duas das principais receitas dum journal a terceira vem das assinaturas.
Por outro lado, a Internet, que colide com a totalidade das práticas culturais (música, edição, cinema, televisão) não poupa o campo da comunicação. Tem algum significado que o recente lançamento do novo canal internacional de informação France 24, tenha sido feito na Net, e só no dia seguinte no cabo e satélite. O número de pessoas ligadas à Internet de onde obtêm informações não para de aumentar. Algumas deixaram mesmo de comprar jornais. Elas também - como os leitores de "gratuitos" - abandonam os quiosques. O que contribui para uma deminuição dos mesmos e acentua os mecanismos do recuo na difusão dos títulos pagos, qualquer que seja a sua periodicidade.
Internet fascina pelo grande número de sites de livre acesso disponíveis, pela possibilidade de também criar o seu próprio meio de expressão pessoal (o blog), e pela facilidade com que se podem trocar opiniões sobre todos os assuntos. Um indesmentível avanço em matéria de liberdade mas duas considerações devem ponderar-se. Em primeiro lugar esta: a maior parte dos grupos que, através da internet, se lançaram, de corpo e alma, com uma preocupação de democracia participativa, nas suas discusões e debates internos muito intensos viram-se com frequência literalmente atomizados, fragmentados, à beira da impotência e da autodestruição.
Em seguida, a constatação que faz o pesquisador americano Eric Klinenberg: "A Internet caracterizou-se durante muito tempo pelo número ilimitado dos seus novos sites exprimindo a diversidade das suas opiniões políticas de um extremo ao outro do espectro. Mas, a partir de agora, os sites mais populares são controlados pelos grupos de médias mais poderosos." Isto significa que, como sempre na história das comunicações, quando um novo média aparece - das gazetas do século 18 às rádios livres dos anos setenta (aqui deve ser erro porque em França as rádios livres apareceram nos anos 80 depois de Mitterand ter sido eleito) e agora à Net, dá a impressão que é grande o perímetro da liberdade de expressão antes de ser controlado pelo poder do dinheiro e inevitavelmente normalizado. É já evidente que os perfis de leitor determinados pela utilização dos motores de pesquisa são vendidos a mercadores desejosos de se servirem dessas informações para atingir os seus públicos alvo e consumidores potenciais...
Em França, a propriedade dos grandes médias está concentrado nas mãos de alguns grupos industriais e financeiros, entre os quais dois fabricantes de armamento: Lagardère (através de Hachette) e Dassault (através de Socpresse). Esta constatação preocupante deve levar os cidadãos a concentrar esfroços para apoiar, em resposta, a imprensa independente de que faz parte o LMd."
Excertos de um artigo de Ignacio Ramonet publicado no Le Monde diplomatique.
O artigo continua com a exposição duma estratégia para tentar manter o Le Monde diplomatique como um periódico independente. A questão da Internet, dos médias cidadãos e dos blogues é só aflorada e deixa transparcer uma certa desconfiança que se justifica em parte. É evidente que a vida não é fácil para os médias cidadãos que oscila entre liberdade absoluta e necessidade dum mínimo de regras que garantam as suas sobrevivências. Quanto aos blogs, que podem ter o seu papel na circulação das ideias e da informação, não é uma só pessoa ou um pequeno grupo que podem garantir uma informação séria, que a própria imprensa e outros médias não garantem apesar dos meios de que dispõem, por falta de financiamentos e de profissionalismo, embora alguns tenham muito interesse e uma grande qualidade e muito importantes para trazer a público o que os médias tradicionais "esquecem" mas também para o debate de ideias. Já aqui defendi a criação de um média cidadão para o nosso país, uma espécie de agência noticiosa com edição online quotidiana, tomando como modelo AGORAVOX que confirma de dia para dia a sua capacidade em manter-se firme face a grandes desafios.
actualização do post:
Uma comentadora informa-me que a edição impressa do LMd traz este mês a entrevista do Chomsky. Estamosa 10 de Agosto e ainda ontem visitei o site do jornal em Portugal e não havia sequer referência ao súmário do último número. . Parece-me um pouco falta de seriedade e profissionalismo por parte da equipe que edita a edição portuguesa... saber isto, tinha-me evitado fazer o pedido a Paris. Na zona em que me encontro a residir não encontro o periódico à venda e não vou a Lisboa com frequência; vou ter de esperar.
1 comment:
E-ko,
Deixe-me dizer-lhe que tem a entrevista de Daniel Mermet a Noam Chomsky no Le Monde Diplomatique - edição portuguesa, II Série, nº10.
Quando pensar publicar algum artigo do LMD para o seu blogue, sempre pode recorrer à edição portuguesa o que por si só poupa tempo na tradução.
Post a Comment