17.10.06

professores muito indignados, mais dois dias perdidos...


Ciquem na imagem para o site da FENPROF e documento PDF de que se vê a capa.

Os professores estão em greve por dois dias. Manifetam-se, e mostram o seu desagrado em relação a novas políticas e directivas que põe em causa as más práticas de muitos professores e escolas e as já esperadas más vontades corporativas, quando se trata de melhorar o ensino dos nossos jovens que tem piorado de ano para ano e para o qua é necessário fazermos muitos esforços e sobre tudo aqueles que são pagos para isso.

Li hoje o artigo de opinião de
David Pontes do JN e achei que retratava bem o que se passa em muitas escolas do país, uma história banal e frequente, que muitos de nós conhecemos, mas um exemplo do que por aí se passa:

Esta história é verdadeira, passou-se numa escola do Ensino Básico do concelho do Grande Porto mas, acreditem, passa- -se, de uma forma ou outra, um pouco por todo o país. Estamos no início do ano lectivo e os pais desta escola foram informados de que a promessa governamental era para cumprir ia haver prolongamentos de horário e os alunos iam ver o seu currículo reforçado em áreas como Inglês, Educação Física, Matemática, Estudo Acompanhado, etc. Teriam ainda a possibilidade de almoçar na cantina da escola, pronta há alguns anos devido ao esforço dos pais, mas ainda sem utilização. Para esclarecer devidamente todos os encarregados de educação, a associação de pais decidiu marcar uma reunião. E aqui começa verdadeiramente a nossa história.
A Direcção da escola, sem avisar a associação de pais, decidiu marcar uma reunião para uma data prévia, convocando todos os pais, professores e auxiliares de educação. Qual o intuito? Pintar de negro todas as perspectivas de mudança naquela escola. Entre outros argumentos, que não se responsabilizavam pelas crianças durante a hora de almoço ou no caso de algum dos docentes contratados para o prolongamento vir a faltar. Garantindo a desistência dos pais das refeições ou dos prolongamentos de horário, os professores atingiam o seu objectivo: não alterar nada, para manter o seu sagrado horário das 9 às 15 horas. No fim da escala das preocupações estava o interesse dos alunos, ou dos pais que pagaram impostos para que os seus filhos pudessem ter melhor instrução.

É evidente que hoje e amanhã esta escola vai estar fechada devido à greve. Mas também é natural que estes, como muitos professores, vão ter uma enorme dificuldade em convencer essa a maioria silenciosa, mas eleitora, dos pais, das justeza das suas posições. O egoísmo não é terreno muito fértil para cultivar solidariedades.

3 comments:

Anonymous said...

Ó e-konoclasta, não tenha ilusões! A reforma da avaliação dos professores limita-se a reduzir o acesso ao topo a 2/3 dos professores. A avaliação continua a ser feita nas escolas mais ou menos da mesma maneira que agora. Ou seja, se não existiam professores maus ou medíocres, agora também não vão aparecer. Os pais, com o devido respeito, raramente assumem a responsabilidade de protestar ou de se queixar de um professor incompetente ou prepotente (preferem a agressão ou um veículo vandalizado, normalmente). Acha que o vão fazer agora? Duvido.
Eu, por mim, não acredito na bondade de nenhuma destas medidas a não ser a dos cifrões. É certo que os professores passam, sublinho passam, mais tempo nas escolas, em particular os incompetentes. Para quê? Os outros, uma maioria, apesar de tudo, sempre lá estiveram.
Quanto aos casos- que os há e não serão poucos - de escolas sem liderança, o que é que mudará agora, diga-me? Onde está a inspecção, que deixou de ir às escolas a não ser controlar o tamanho das turmas ou a legalidade dos horários? Desapareceram! Mestraram-se os inspectores, beberam o divino néctar das novas pedagogias e agora primam pela ausência (acompanhamento construtivo, à distância).
Por detrás de tudo isto, adivinhou, os sindicatos. E os medíocres, os incompetentes, os nulos, os oportunistas. Não chegarão ao topo da carreira, mas ainda assim compensa-lhes. O Estado poupará uns euros mas e os putos? E os colegas, que continuarão a cumprir? Quem quer saber?
Olhe, dou-lhe um exemplo: ouviu falar no plano de combate ao insucesso a matemática, anunciado com grande gritaria pelo governo? pois os tostões liquidaram-no. não se desdobram turma, não se contratam mais professores,que plano será esse? brincadeiras matemáticas, que a matemática é divertida?!?!
Quanto à história que conta....pois que se interpelem os prevaricadores, não se tome a nuvem por juno. todas as escolas que conheço funcionam sim, até às cinco e meia e algumas até mais tarde, quando a associação de pais se mobilizou para contratar um animador ou o município o fez a pedido.
Uma escola não é nem um armazém de meninos nem um atelier de tempos livres. Ou não devia ser.

Papoila_Rubra said...
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Papoila_Rubra said...

Só apenas hoje cheguei aqui.

Apesar de achar este espaço simpático, tropecei neste tópico e não consigo ficar indiferente ao seu conteúdo

È realmente impressionante e causa-me muita indignação, como nos dias de hoje se culpam os professores de tudo.

Uma ESCOLA para funcionar bem, precisa ter boas infra-estruturas de apoio, com pessoal auxiliar em quantidade suficiente para apoiar convenientemente as actividades que nela sejam dinamizadas. Na verdade, não é isso que acontece, pelo menos em muitas das escolas que conheço, e, muito em particular, naquela onde trabalho. O corte na colocação de pessoal auxiliar é cada vez maior. As poucas funcionárias existentes têm uma sobrecarga de trabalho impressionante.

Vejamos:

1- Se é certo que os pais têm direito aos seus empregos e aos seus intervalos de almoço, porque razão o mesmo direito tem de ser questionado aos professores ???. Na ausência de pessoal auxiliar suficiente, que obrigação tenho eu (ou qualquer professora) de tomar conta das criancinhas que almoçam na escola ???

2- Se as actividades de complemento curricular ocorrem fora do meu horário de trabalho e não fazem parte das minhas atribuições, que obrigação tenho eu de fazer substituições se algum desses dinamizadores faltar ???

Já aconteceu na minha escola. Faltaram simultaneamente dois desses dinamizadores. Crianças na faixa etária dos 5-9 anos, não podem ficar sozinhas. Como e o que fazer então ??

Por acaso alguém previu essa situação fornecendo a escola de , por exemplo, um leitor de vídeos ou DVDs??? A escola já teve televisão, mas foi roubada. Uma lista de material de apoio audiovisual, repetidamente em cada ano, é apresentada a quem de direito, mas nunca foi satisfeita. .No ano passado, as crianças do Jardim andaram a “cantar os reis”, à chuva e ao frio, ( abstenho-me aqui de dar a minha opinião pessoal) para juntarem dinheiro para uma televisão e vídeo. Foram comprados e utilizados algumas vezes em tempo de prolongamentos. Quatro meses depois, apesar da escola ter alarme, o vídeo foi roubado. Alguém o repôs ???. Até hoje, nada.

Neste ano escolar, as aulas começaram, e, obedecendo a ordens superiores, as actividades complementares foram iniciadas e…. havendo problemas… como é que é ???!!! AGUENTEM OS PROFESSORES!!!!!!

Mas isto cabe na cabeça de alguém ???
Porque têm de ser as professoras, as fadas de serviço, num país de pernas próar ???

Acho óptimo que toda a gente tenha a possibilidade de expressar as suas opiniões, mas acho também que, presentemente, virou moda fazer dos professores os bodes expiatórios de todos os males que a sociedade enferma e, com isso, eu não posso concordar.

Sei que a minha modesta opinião, evidenciando a minha evidente revolta, fica aqui prisioneira e asfixiada neste espaço, onde possivelmente, ninguém me lerá. No entanto, acrescento mais isto:

A ESCOLA
sozinha
jamais modificará sociedades
jamais "salvará" um país...

A pedagogia do sucesso
assenta unicamente
nos pilares seguros
sólidos e firmes
de uma comunidade feliz
EQUILIBRADA
com a vidinha organizada
devidamente estruturada
com disponibilidades
para participar
para colaborar
para se "dar"
para AMAR os seus filhos
o país e o mundo...

a ESCOLA isolada
é apenas uma insignificante gotinha
dispersa
ineficaz
para saciar as diferentes sedes
de qualquer sociedade.

Do muito que está mal
há culpados
são vivos
actuais
e reais de carne e osso
mas como não conseguem equacionar esta verdade
( porque também são maus na matemática)
optam por fazer dos professores
os seus bodes expiatórios...

E o rebanho de "cegos", aumenta...
( e ainda a procissão vai no adro...)

Sinto-me violentada
em cada dia
em cada ano escolar que passa!

Papoila_Rubra
Outubro / 2006

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