14.6.06

já não é um véu, mas o nevoeiro que caíu sobre as caricaturas


Ninguém mais, neste país, que eu saiba, voltou a abordar a questão das caricaturas publicadas pelo quotidiano conservador dinamarquês Jyllands Posten, maioritariamente, a imprensa e a blogosfera optou por defender incondicionalmente o quotidiano e a "democrática" política do governo da Dinamarca, sem nunca admitir, e até ignorar, a forma como esse mesmo governo tratou a questão.
Sabe-se agora, desde há uma semana, que o primeiro ministro dinamarquês Anders Fogh Rasmussen foi, severamente, posto em causa pela publicação em Copenhaga, no final de Maio, dum relatório de peritos, sobre a sua "política árabe", apoiado pela extrema direita.
Segundo os peritos, Fogh é responsável pela crise e segundo os médias dinamarqueses, um dos graves erros está na sua recusa em receber, em Outubro 2005, onze embaixadores de países muçulmanos que pediam explicações sobre a publicação das caricaturas. Os peritos avançaram ainda que o diálogo foi travado por tal atitude que constituiu em si uma verdadeira ofensa. Esta crítica já tinha sido feita, em Fevereiro, pelo precedente primeiro ministro, presidente do partido socialista europeu.
Vale a pena refletir sobre o que se passou na Dinamarca à luz do que se está a passar, em Portugal, com a proliferação de grupos e partidos de estrema direita, para não mencionar os crimes que cometem com armas legais ou ilegais.

7 comments:

""#$ said...

CaroEKONOCLASTA:

Sinceramente e sem animosidade não concordo com esta sua aproximação ao problema.
Pelo menos num certo pormenor, digamos assim.
Teoricamente,em portugal governa um partido de esquerda.
Na dinamarca não.Além disso na dinamarca,à data,considerações aparte acerca de o primeiro ministro de lá ter "cedido" aos interesses da extrema direita, também existia uma questão de políica externa não negligenciável, dado que os 11 países arábes usaram o seu "peso" como uma pressão feita de forma inaceitável, durante uma determinada crise.

Aqui está-se a passar outra coisa que se divide em duas partes: 1ª a pseudo esquerda portuguesa está a "lançar" estes movimentos para as luzes da ribalta para assim criar um "inimigo externo".
Isso deve-se aa facto de "a esqueda portuguesa " não defender nada,nem ser a favor de nada, eestar completamente despojada de valores genuinos de esquerda, digamso assim.
2ª a verdadeira extrema direita dos gabinetes está a emergir da sombra servindo-se para isso do folclore destes grupinhos semi paramilitares, para dizer em publico aquilo que antes dizia em privado. Isto, evidentemente ,depois de ter ajudado nos ultimos 32 anos a subverter a democracia.

Mas isso nem sequer é o mais perigoso:o mais perigoso é o actual ps,disfarçado de esquerda estar a "alimentar" a visibilidade destes grupelhos. Julgando poder contar com a natural repugnacia dos cidad~so de esquerda na luta contra esta gente.
Isso é um erro mosntruoso.a maior parte das pessoas está a crescer indferente a isto,precisamenet por causa do liberalismo económico insuportável a começar a existir em portugal.
Porque não ouvir "o canto da sereia" da extrema direita?
Sugiro para seu esclarecimento:
www.teoriapolitica.blogspot.com/
O sr que faz issto é professor universitário.
Depois de ver o estilo e o tom diga-me lá se há 10 ou 20 anos atrás isto era dito em publico em jornais ou entrevistas ou o que seja.
Está bem que agora existem blogs, mas duvido que caso existissem há 10 ou 20 anos existisse este "à vontade"...
PS:é claro que toda a minha teorização só ´verdadeira se se considerar que p ps é um partido de esquerda,coisa que eu não considero. Acho-os desprovidos de quaisquer valores e apenas um partido neoliberal -infiltrados por neoliberais de direita, por assim dizer, que tem a missão de desacreditar os que são (deveriam ser)os verdadeiros valores de esquerda.
Nos hospitais está-se a pribvatizar, nas escolas está-se a permitir que o principiode educação para todos seja subvertido com o novo estatuto dos profesores;na segurança social mente-se descaradamente para criar ansiedades e medos às pessoas que as levarão a aceitar "migrarem" para sistemas privados,etc.

e-ko said...

Pedro,
Aceito opiniões contrárias mesmo se às vezes não parece. O que tenho dificuldade em engolir é a pretenção e a arrogância de certas pessoas mas, aqui, isso só aconteceu uma vez e havia razões para tal.
É verdade que não tenho a mesma formatação de raciocínio que a gente cá da terra, vivi demasiados anos longe daqui e tento manter uma certa imparcialidade e um ângulo de visão distanciado.
Fiz mal em, aparentemente, relacionar o que se passou na Dinamarca com o que tem vindo a lume sobre a extrema-direita portuguesa. As duas realidades são diferentes, estou de acordo, apenas a disimulação e a hipocrisia
se assemelham. Mas não é uma característica exclusiva à problemática das actividades ou políticas da extrema direita.
Agora, quanto ao que afirma como sendo uma pressão, inaceitável, do peso que os 11 países árabes exerceram, sempre se soube, e não precisei deste relatório, que a viôlência da reacção se fez sentir, alguns meses depois do primeiro ministro Rasmussen ter recusado, de forma arrogante e desprezante, o encontro com os tais 11 embaixadores.
Quanto ao faz de conta em que vivem os partidos (todos) em Portugal, só é um reflexo da sociedade civil: gente de faz de conta, política de faz de conta e faz de conta que vivemos em democracia...

maloud said...

Ao fim de uns dias cá cheguei.
Não amalgamando a situação da Dinamarca com a portuguesa, parece-me preocupante a visibilidade que grupos de extrema-direita estão a ter por cá. Atribuir todos os males ao PS é esconder o sol com a peneira. Esses grupos existem, independentemente do PS ser poder, e exploram os sentimentos xenófobos que vão grassando na sociedade portuguesa. Às vezes até gente que se diz e pensa de esquerda os alimenta, embora arranje justificações mais elaboradas e menos primárias que as do sr. Pinto Coelho e outras luminárias. Não acredito que matassem o "preto" do Bairro Alto, mas gostariam de o ver longe.

Bayushiseni said...

Caros:

A extrema direita sempre andou por estes sitios. Estavam apenas à espera. Esperam o medo para mostrarem a fuça. E existe por esta terra muito envergonhado que não admite, mas gosta da luva pesada e cardada. São gente de jaula que nunca soube o que fazer com a liberdade e nunca nos preocupámos realmente em ensiná-los.

""#$ said...

caro ekonoclasta
""As duas realidades são diferentes, estou de acordo, apenas a disimulação e a hipocrisia
se assemelham.""

É exactamente isto,que se passa em portugal.(Entre outras coisas...)

"""É verdade que não tenho a mesma formatação de raciocínio que a gente cá da terra, vivi demasiados anos longe daqui e tento manter uma certa imparcialidade e um ângulo de visão distanciado."""

Isso será um problema que provocará desconforto pessoal ao extremo,porque por um lado existe o choque entre "os anos longe daqui" e a realidade daqui. A realidade "daqui" é do mais absurdo e idiota que se pode ver.

E mantenho tudo o que disse acerca da extrema direita em portugal: está, por estranho que pareça, a ser "alimentada" subtilmente pelo actual governo e conexos, que, para disfarçar o vazio das suas prórias ideias, fecha os olhos ás "esplosões" mediáticas da extrema direita.
O actual governo precisa de inimigos externos que forneçam animo às "troaps de esquerda" para que estas se ponham atrás do governo e daquilo que em portugal se chama partido socialista ,um partido que supostamente é de esquerda, mas na realidade não o é.

Estes loucos do PS estão a criar um enorme "espaço politico vazio" à esquerda do pcp e BE, que será preenchido por alguém.
E como o econoclasta viveu em frança ainda se lembra, concerteza, da jogada do miterrand de fechar os olhos ao Le pen no inicio dos anos 80, para dessa forma dar umas bicadas na udf e no rpr.
Depois foi o que se viu.

Aqui, os aprendizes loucos de feiticeiro desta pseudo esquerda falsa que temos estão a sentir-se atraidos pela mesma brincadeira. Estão a "soltar" os demónios da caixa.
Convencidos que os estão a controlar.

Quando o chefe dos serviços( pouco) secretos portugueses dá entrevistas a jornais falando de grupos de extrema direita, regularmente ,como este sr. tem feito, as coisas passam do simples aviso, para serem uma estratégia concertada de dar visibilidade aos senhores do PNR(e o que está por detrás deles...) - que já deviam ter sido ilegalizados há muito tempo.
Isto, evidentemente, se nós considerarmos que um chefe de serviços secretos minimamente competente deve dar entrevistas a rádios. Ou seja:deve dar nas vistas...
Pessaolmente acho que um chefe de serviços secretos - por inerencia da situação - se é "secreto" não deve aparecer publicamente.
Aqui é a trampa que se vê - nomeado pelo actual governo, faz-lhes os favores mediáticos quando convém...

econoclasta: " vivi demasiados anos longe daqui..."
Se calhar (e não o estou a mandar para fora daqui) você ainda se vai lamentar de não ter vivido mais anos fora daqui.
O país está insuportável, com as bandeirinhas idiotas nas janelas, a inverterem o ónus da prova social.
Agora quem tem bandeirinhas é bom patriota e bom portugês,quem não tem não é.

Com os tipos que andavam de estrela amarela ao pieto o ónus da prova estava ao contrário...

maloud said...

Provavelmente Talisca
Acha que aprendiam? Ao que vou vendo, tenho muitas dúvidas.
Repare que "eles" pegam em sentimentos primários e mais ou menos difusos que se vão sentindo, como a insegurança e o medo do desemprego, e atacam por aí. Ora, se povos mais informados que o nosso são permeáveis a esta demagogia criminosa, imagine-se o povo português. E não se pense que este fenómeno é exclusivo das grandes cidades, onde há uma grande comunidade de imigrantes. Existe na província, onde menos se espera. O aumento da criminalidade é sempre atribuído ao "outro", mesmo que seja caucasiano e louro. Visitem o Douro, falem com as pessoas de lá e julgo que me darão razão.

Bayushiseni said...

Estamos lançados num rumo que parece estar apontado para algo muito grave. Outra vez.

Este levantamento pseudo-patriótico numa altura de abertura para uma macro-nação era de se esperar, o estranho é o que faz a maquinaria que deveria diminuir ou mesmo debelar este novo nacionalismo ainda mais básico do que todos os anteriores.

Tenho a sensação que a estratégia para criar uma macro-nação falhou. Se é que havia realmente uma.

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