29.5.06

não percebo

Aconteceu-me uma boa. Durante o fim de semana comentei abundantemente um post do Fernando Venâncio, no Aspirina B, onde obtive o acordo de alguns outros comentadores, sobre um texto da Inês Pedrosa. Hoje, depois de outras intervenções interessantes, quis depositar o comentário que se segue e fui a surpresa, impossível e apareceu-me a seguinte informação: "yo are not allowed to post comments", para os não anglófonos: "não está autorizado a enviar comentários". Estranho, muito estranho... nem digo mais nada, mas não penso menos.
Então, depois de ter feito os copiar/colar necessários, aqui vai o comentário recusado:
Estão a ver, então, que os pequenos editores, com as suas pequenas tiragens e dificuldades na promoção e venda de alguns títulos do catálogo, muitas vezes, só podem exercer a sua actividade a não ser em vãos de escada ou na despensa e escritório lá de casa. Ou então tem outra profissão paralela ou um papá rico.Os grandes editores fazem, de uma maneira geral, a sua própria distribuição e, alguns, até têm as suas próprias livrarias, os lucros não são os mesmos até porque as opções editoriais são muito diferentes, muito mais comerciais mesmo se gastam muito mais em publicidade e marketing.
Não só este comentário foi recusado como foi eliminado o último comentário que tinha feito. Devo ter dito coisas muito incómodas.
Your comment submission failed for the following reasons:
You are not allowed to post comments.

11 comments:

maloud said...

Sabe se se passa o mesmo com outros comentadores?

james said...
This comment has been removed by a blog administrator.
james said...

e-konoclasta,

o que acaba de descrever já me aconteceu no aspirina b, mais do que uma vez.
Ingenuamente, pensei que a recusa se devia a problemas técnicos....
Mais grave, contudo, foi o que se passou no blogue arrastão.
Nesse blog, como em muitos outros, há o que chamo de censura mitigada: "o seu comentário será editado, após prévia aprovação do administrador deste blog"- isto em inglês.
A propósito do aniversário do CDS/PP, comentei algo como: "De arrastão ou de empurrão?". Daniel Oliveira decidiu censurar.
Há tempos, no mau tempo no canil, a propoósito da Senhora C. Rice, comentai algo como "Faz-me impressão que uma preta possa ser fascista, como era a Sr.ª Rice". O FTA, apagou o comentário, alegando que era um comentário racista!
Tudo isto me convoca para a questão da liberdade de expressão na blogosfera e para os seus pseudo moralizadores, leia-se administradores dos blogues.
Admito que um blogue não tenha caixa de comentários, é uma opção, mas acho perfeitamente execrável, nele incluindo, o arrastão, esse tipo "correcto" de censura.
Nem eles precisam de mim, nem eu preciso deles! Qual é a diferença entre estes Senhores e Pacheco Pereira?
Só uma questão de grau.

António Luís Catarino said...

E-K,
Acho que você deve passar o tempo a pedir desculpas. Generalizar (e adjectivar) com as pequenas editoras da maneira como o fez é, no mínimo, estranho. No máximo, é distraído. Filhos de pais ricos? Vãos de escadas? Despensas? Leia o EPC de hoje no Público. Ao menos esse é mais elegante: fala de «presença extremamente aliciante (na feira) e estruturas de produção muito reduzidas e ágeis». Enfim, não é só o estilo que está em jogo. È perceber que uma opção de editar livros como os pequenos (não todos) o fazem é uma actividade legítima e para conseguir um lugar estável só pode ser desta maneira. E mais: gostamos.

e-ko said...

alcatarino,

Desculpe, não percebeu o que eu quis dizer. Primeiro devo dizer-lhe que conheci, bastante bem, o meio da produção e comercialização do livro. Conheci muitos pequenos editores e, nem todos os pequenos editores têm as mesmas histórias de vida. Mas, sobre tudo, sei que para muitos é ou foi uma aventura difícil e que têm grande mérito e admiro-os, quando sei que alguns começaram do nada, com um pequeno escritório em casa e uma despensa como armazém, outros, efectivamente, depois de estudos, em várias áreas, tinham como suporte financeiro a mesada familiar (garanto-lhe que sei do que estou falar). Vem-se a esta actividade por diversas razões, mas sempre porque se gosta de ler, em primeiro lugar, depois por gosto, até mesmo por paixão.

Estive quase a embarcar também, e, as dificuldades que o meio apresenta, afastaram-me, assim como todos os problemas que existem neste país, que quase me paralizaram, entre os quais um quase grave problema de saúde que a ineficíência do nosso Serviço Nacional de Saúde não resolve e já devia estar resolvido há muito tempo.

Desesperante, este país, e se tivesse lido um comentário que fiz ao post do Valupi sobre a feira do livro, tinha compreendido que defendo não só os pequenos editores mas também os pequenos e médios livreiros e sei que muitos estão um pouco ultrapassados, mas também não têm os meios financeiros e intelectuais de evoluir (n~em sempre é o caso). Quem é que fala dos pequenos livreiros que fecham as portas todos os dias ? Portanto acho o seu comentário injusto, mas está no seu direito de manifestar a sua opinião mesmo se é injusta por não me ter percebido o que eu quiz dizer.

António Luís Catarino said...

Eu percebi o que E-K quis dizer. O que me opus foi à generalização de que os pequenos editores foram alvo no seu post, mas pressentia-se aí o seu apoio às pequenas editoras. De facto, deparamo-nos com dificuldades enormes que só podem ser ultrapassadas pelo esforço de contenção e de minorar despesas supérfluas. Este exercício só faria bem a qualquer economista ou administrador de uma «verdadeira» empresa, que é o mesmo, em Portugal, de dizer grande empresa. É este vedetismo e parolismo com que me bato. As pequenas empresas em qualquer parte do mundo são apoiadas e acompanhadas como uma realidade que deve ser implementada e que a realizar-se completamente poderia obviar muitos problemas. Mas não. Aqui, preferimos apostar em grande, o que significa que não apostamos em coisa nenhuma.
Não me entenda mal, agora, o E-K. Já disse que se adivinhava a sua simpatia pela pequenas editoras, mas a verdade é que tenho ido a inúmeras sessões e encontros com autores e a crítica, mais ou menos velada, e de todos os lados, aos editores estão sempre lá: ou que não pagam, ou que são amadoras, ou os custos baixam (!!), ou que não distribuímos e promovemos, e ficamos com os euros abundantíssimos que pairam de uma forma encapotada nos nossos bolsos. Isto dava para um grande debate, mas o editor não pode levar porrada eternamente e ficar com um sorriso como nada se passasse. O que acho é que essa simpatia, nalguns casos só pressentida, deve ser mesmo sentida. Por outras palavras: não sei o que se ganhará se deixássemos os livros só para s grandes editoras. Não sei se gostaríamos dessa tal profissionalização. Duvido que o E-K, ou mesmo a maioria dos autores, gostassem.
Abraço
António Luís Catarino

e-ko said...

Catarino,

Concordo, plenamente, com o seu último comentário. Só tenho pena que os pequenos editores não unan os seus esforços para repensar as suas situações, em vez de estarem amarrados à APEL e UEditores. Enquanto assim for não haverá reflexão nem soluções possíveis.

Já dei exemplo no aspirinab e um pequeno editor françês, o Mathieu Lindon, das edições de "Minuit" (casa mítica da grande literatura que importa), que se opôs, enquanto foi vivo, aos hypers e grandes editores e conseguiu impôr uma lei do preço fixo do livro, intransigente, que permitiu a sobrevivência decente dos pequenos editores, dos autores mais difíceis, que são quase sempre editados por esses mesmos, e, dos pequenos livreiros.
Claro que a nível de preços os inglêses, que fazem maiores tiragens, para toda a C.W. e que devem continuar a imprimir muitas coisas em Hong Kong, permitindo-lhes vender a preços inferiores aos da França, mas o mercado não é o mesmo. A francofonia é menos importante hoje e o Quebec faz muitas das suas próprias edições.

António Luís Catarino said...

A deslocalização tipográfica já existe aqui em Portugal. O «print-on-demand» já seduz muitos editores que baixam as tiragens. Já não é preciso ir a Hong Kong ou Singapura. Em Lisboa já há escritórios que o fazem para Barcelona ao mesmo preço. Não se compara a qualidade do papel, nem do livro, mas há quem opte sem perguntar, sequer, à sua velha tipografia sepode concorrer com estes preços, mesmo dando uma melhor qualidade final ao livro. Eu preferi falar com a tipografia e rever alguns preços. Enfim... há sempre solução, mas concordo consigo, sim.

e-ko said...

alc,

Quando dei exemplo da Inglaterra, do preço dos seus livros e das suas impressões, nem pensei na hipótese de deixar de imprimir em Portugal. Acho que faz bem em negociar com a tipografia e penso que é assim que se deve fazer senão é o fim anunciado das tipografias e de mais uma profissão que deve ter a sua importância e a sua oportunidade de actualização. Façam um pouco de pressão mas não os estrangulem, bem bas o que está para vir com os livros electrónicos, mesmo se a coisa está em atrazo um pouco por todo o lado e aqui mais do que em todo o lado. Mas vai pouco a pouco invadir o mercado, sem fazer desaparecer por completo o livro. Teremos ainda livros para as próximas 2 gerações, depois, tenho dúvidas... só bibliotecas, museus e coleccionadores. Nisso também é preciso pensar.

Pessoalmente, não vejo inconveniente nenhum na leitura dum e-book, só que ainda não existem obras, que me interessem, neste suporte. Não tenho uma natureza nostálgica, só me preocupa o destino das pessoas em geral e o destino das pessoas ligadas ao livro, logicamente, preocupa-me. Quando isso acontecer, então é que vai ser difícil para todos, há que estar preparado, as grandes editoras e distribuidoras on-line, do mundo ocidental, já começaram. Como dizem os chineses, "prever é curar". As bibliotecas on-line já passaram do simples projecto.
Que pensa disto ?

António Luís Catarino said...

Por acaso, aí, tenho uma ideia muito optimista. Não creio que o livro com este formato acabe. Não pode, porque aí deixava de ser livro, mas outra coisa qualquer. Não acredito no e-book. O que distingue a leitura de outra actividade cultural é o facto de ompoder fazer sózinho. É um gesto solitário, intimista e que produz imagens e sensações únicas incapazes de poder ser partilhada por outro(s). Ora o cinema, a música, a pintura, o teatro é uma actividade comum que só existe porque é gregária. Nesse sentido, não acho que o e-book seja leitura. Acho mais uma forma de trabalho de informação partilhada. Concluindo: não há nada que substitua o livro da folha e capa, do cheiro e da cor, da sobriedade e do forma.

António Luís Catarino said...

Por acaso, aí, tenho uma ideia muito optimista. Não creio que o livro com este formato acabe. Não pode, porque aí deixava de ser livro, mas outra coisa qualquer. Não acredito no e-book, a não ser porque permite essa informação rápida, no momento. O que distingue a leitura de outra actividade cultural é o facto de ompoder fazer sozinho. É um gesto solitário, intimista e que produz imagens e sensações únicas incapazes de poder ser partilhada por outro(s). Ora o cinema, a música, a pintura, o teatro é uma actividade comum que só existe porque é gregária. Nesse sentido, não acho que o e-book seja leitura. Acho mais uma forma de trabalho de informação partilhada. Concluindo: não há nada que substitua o livro da folha e capa, do cheiro e da cor, da sobriedade e do forma.

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