Penso às vezes que nunca sairei da Rua dos Douradoures. E isso escrito, então, parece-me a eternidade.
Não o prazer, não a glória, não o poder: a liberdade, unicamente a liberdade.
Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela. A arte, se nos liberta dos manipansos assentes e obsoletos, também nos liberta das ideias generosas e das preocupações sociais - manipansos também.
Encontrar a personalidade na perda dela - a mesma fé abona esse sentido do destino.
Não o prazer, não a glória, não o poder: a liberdade, unicamente a liberdade.
Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela. A arte, se nos liberta dos manipansos assentes e obsoletos, também nos liberta das ideias generosas e das preocupações sociais - manipansos também.
Encontrar a personalidade na perda dela - a mesma fé abona esse sentido do destino.
Fernando Pessoa / O LIVRO DO DESASSOSSEGO
2 comments:
Bem respigado.
"Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela."
Esmagadoramente actual.
Piscoiso,
Você é sempre mortal
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