2.3.06

liberdade

Penso às vezes que nunca sairei da Rua dos Douradoures. E isso escrito, então, parece-me a eternidade.
Não o prazer, não a glória, não o poder: a liberdade, unicamente a liberdade.
Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela. A arte, se nos liberta dos manipansos assentes e obsoletos, também nos liberta das ideias generosas e das preocupações sociais - manipansos também.
Encontrar a personalidade na perda dela - a mesma fé abona esse sentido do destino.

Fernando Pessoa / O LIVRO DO DESASSOSSEGO

2 comments:

ZGarcia said...

Bem respigado.
"Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela."
Esmagadoramente actual.

maloud said...

Piscoiso,
Você é sempre mortal

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